Recuperacao funcional das lesoes tendinosas degenerativas do ombro
Dissertação de Mestrado
Julia Maria D'Andrea Greve, 1989
Orientador: João Alvarenga Rossi
Resumo
Dentre as estruturas comprometidas pelo envelhecimento biológico do ombro, encontram-se os tendões dos músculos que compõem o chamado "manguito rotador" e cabeça longa do bíceps braquial causando frequentemente, síndrome dolorosa na articulação.
Essas alterações vem sendo demonstradas desde o século passado, quando Smith (1835) e Adams (1852) descrevem as lesões tendinosas encontradas em cadáveres e as relacionam com micro-traumatismos e envelhecimento.
Codman (1934) também descreve as lesões tendinosas do "manguito rotador" em 200 cadáveres e as relaciona com o envelhecimento.
De Palma (1987) descreve as alterações encontradas nas estruturas articulares do ombro, que ocorrem durante o envelhecimento biológico e chama atenção para as lesões tendinosas do manguito rotador, como causa frequente de ombro doloroso.
O mesmo autor (1987) relata que todo adulto, pelo menos uma vez na sua vida, tem um episódio de dor no ombro causado por alterações na região do "manguito rotador" e relacionado com o envelhecimento.
O acometimento dos tendões do "manguito rotador" pode causar alterações biomecânicas, secundárias ao processo degenerativo em si, que levam a um impacto da cabeça umeral contra o arco córaco-acromial que, segundo Neer (1983), é a principal causa de dor nesses quadros.
Na nossa experiência clínica, também observamos a grande frequência das síndromes dolorosas do ombro causadas por lesões dos tendões do "manguito rotador" e cabeça longa do bíceps. Essas lesões estão relacionadas com o envelhecimento biológico da articulação.
Alguns pacientes podem desenvolver apenas um quadro episódico de dor que melhora com tratamento sintomático. Frequentemente, porém, esses quadros evoluem de maneira arrastada levando a uma piora progressiva da dor e função, limitando o paciente nas suas atividades de auto-cuidados e profissonais.
A abordagem terapêutica deve buscar a remissão da dor e recuperação da função articular.
A terapia física, através de exercícios específicos buscando a recuperação funcional da articulação, é um dos recursos terapêuticos que pode ser utilizado. A maioria dos autores que estuda as patologias do ombro refere- se à fisioterapia como um dos meios de tratamento das lesões tendinosas do ombro. Porém, não encontramos na literatura disponível, muitos trabalhos que mostrem os resultados, a longo prazo, encontrados com esse tipo de terapia e sua influência na história natural dessas lesões.
Vimos acompanhando o trabalho do "Grupo de Ombro" do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HCFMUSP, tratando pacientes com lesões tendinosas do manguito rotador e cabeça longa do bíceps, através da terapia física. Dentre esses pacientes , incluem - se, também, pacientes portadores de l esões tendinosas calcificadas, as chamadas tendinites calcárias, que podem estar relacionadas com o env el hec i mento biológico, porém, com evolução clínica própria.
Esse trabalho visa realizar uma avaliação crítica dos resultados encontrados com o tratamento fisioterápico, nas lesões tendinosas degenerativas do ombro, decorrido um tempo após sua realização. Pretendemos avaliar se é um tratamento eficaz, se a melhora encontrada persiste ou se esse tipo de tratamento funciona apenas como um paliativo, sem interferir na evolução natural da doença. Pretendemos avaliar, também , quais os fatores que podem interferir nos resultados.
Nosso principal objetivo é avaliar, comparativamente, ao longo do tempo, a eficácia do procedimento fisioterápico nos pacientes com lesão tendinosa do ombro.
Realizamos uma avaliação inicial, após o término do tratamento preconizado e reavaliamos os mesmos pacientes, alguns meses (6-36) depois. Com essa metodologia buscamos avaliar, se os resultados iniciais conseguidos eram mantidos na segunda avaliação e a validade desse tipo de abordagem terapêutica nas doenças tendinosas degenerativas do ombro.